segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Democracia Corinthiana mudou carreira de Sócrates


Em depoimento, craque morto no ano passado afirma que período o definiu como pessoa e jogador.


26 de novembro de 2012 | 7h 2
 
 
Magrão, Doutor, Calcanhar de Ouro ou apenas Sócrates. Nascido em Belém do Pará, em 1954, o jogador foi batizado com um nome longo tão longo quanto suas pernas: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira.


Alto, com 1,91m de altura, e não exatamente veloz, Sócrates destoava dos demais craques brasileiros. Vem de uma família de classe média e teve formação universitária.

Começou atuando no Botafogo de Ribeirão Preto até ser transferido para o Corinthians em 1978 e se tornar um dos grandes nomes da história do futebol.

De acordo com o comentarista esportivo Juca Kfouri, Sócrates pode não ter sido o melhor jogador que o clube paulista e o Brasil tiveram, "mas certamente foi o mais único".

Médico por formação, Sócrates ficou famoso por sua habilidade em campo - com clássicos toques de calcanhar - e sua atuação política dentro e fora das quatro linhas.

"Ele tinha uma cabeça muito boa", elogia Zé Maria. "Com ele, a Democracia Corinthiana se tornou um momento muito especial para o esporte brasileiro. Nunca houve isso, de jogador se envolver assim com política".

Sócrates, contrariando os clichês, mostrava articular palavras e ações como poucos. Personalidade que foi revelando aos poucos.

Primeiro, ao doutrinar a voraz torcida corintiana. Sócrates repetia nas entrevistas que a Fiel precisava confiar no time e apoiar o ritmo da Democracia. E convenceu.

Craque político

Certa vez, depois de o time ter perdido uma partida e ter sido ilhado no vestiário, cercado por torcedores, Sócrates marcaria os gols da vitória na partida seguinte e não comemoraria, em protesto. A torcida parecia entender os recados, a relação mais tensa e comprometida.

Na final daquele campeonato paulista, o time entrou em campo com a faixa "Ganhar ou perder, mas com democracia". Ganhou, levando democracia e delírio à Fiel.

Em uma entrevista logo depois do segundo título, Sócrates diria que "o Corinthians provou que liberdade dá melhores condições de trabalho". Na Presidência do Brasil havia um general, João Figueiredo, conhecido por comandar a abertura política à base do "prendo e arrebento", como disse certa vez.

Mais adiante, em 1984, Sócrates se envolveria de corpo e alma na campanha Diretas Já. Subiria ao palanque montado no Centro de São Paulo para discursar diante de um milhão de pessoas.

"Se a emenda Dante de Oliveira for aprovada no Congresso, não vou deixar o nosso país", bradou ele diante da multidão em êxtase.

Dito em feito. Emenda rejeitada, Sócrates deixaria o Brasil rumo à Itália.

Mensagem na cabeça

Mais tarde, na Copa de 1986, Sócrates protagonizou outro momento inesquecível. Durante a execução dos hinos antes da partida entre Espanha e Brasil, estreia das equipes, organizadores executaram o Hino da Bandeira no lugar do Hino Nacional Brasileiro.

Sócrates, indignado, balançava a cabeça em frente às câmeras, reprovando o constrangimento. Ele conduziria os jogadores a deixar a posição perfilada e a assumir a formação clássica para fotos.

Naquela Copa do Mundo, no México, em todos os jogos Sócrates entrava em campo com uma faixa na cabeça, chamando a atenção para graves situações sociais.

O filme Democracia em Preto-e-Branco relata uma fase essencial na carreira do jogador, em que sua persona política se embrenhou em sua carreira como atleta, e vice-versa. No longa-metragem, Sócrates admite que o período compreendido entre 1981 e 1985 moldou seu caráter como esportista e cidadão.

"Sem dúvida alguma foi o período mais rico que vivi, que proporcionou tudo que sou hoje enquanto ser humano, enquanto ativista, enquanto qualquer coisa que seja. Aprendi tudo ali", diz.

Sócrates disputou 297 jogos, marcou 172 gols e venceu três Campeonatos Paulistas (1979, 1982 e 1983) com a camisa do Timão. Escreveu também peças de teatro, gravou três discos com composições próprias e ainda fez parte da administração de um cinema em Ribeirão Preto que exibia filmes gratuitamente.

O ex-jogador morreu aos 57 anos de idade, em 4 de dezembro de 2011. No dia seguinte, o Corinthians venceria seu quinto Campeonato Brasileiro.

"O Corinthians é um clube diferente hoje. Saiu de uma situação ditatorial, com o Vicente Matheus, e depois da Democracia Corinthiana evoluiu para ser uma nação, na qual o Sócrates foi uma figura central. O resultado apareceu depois, com as conquistas nacionais", avalia o ex-jogador e técnico do time alvinegro Zé Maria. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A coluna Panorama Político (1) do jornal O Globo (ILIMAR FRANCO)


A coluna Panorama Político (1) do jornal O Globo (ILIMAR FRANCO)
1.11.2012 8h00m

Recado aos afoitos
          A presidente Dilma não está gostando das especulações, pós eleitorais, sobre mudanças em seu governo. Aos que procuram falar sobre o assunto, a presidente Dilma avisa que não vai fazer reforma agora, que não autoriza que tratem do tema em seu nome e que esta não é a agenda dela. Alerta que não fará nenhuma grande reforma e que, no ano que vem, poderá promover mudanças pontuais.

Um pouco de história
Os tucanos festejam a eventual candidatura à presidência do governador Eduardo Campos (PSB). Imaginam dividir os votos do campo governista e sequer cogitam da divisão de votos na oposição. Em 2002, o PSB teve um candidato popular ao Planalto, Anthony Garotinho, e o PSDB quase ficou de fora do segundo turno. Para evitar a derrota, o candidato José Serra chamou o economista José Roberto Afonso e ordenou: “Faça uma proposta de reajuste do salário-mínimo melhor que a do Garotinho”. Serra exibiu o seu super mínimo no programa de TV, deteve a sangria em seus votos, segurou o crescimento de Garotinho e foi para o segundo turno.

“O que irrita é a versão para a plateia. Liga a luz da câmera: todos querem a prorrogação. Fecha a porta: a conversa é outra, até na oposição”

Miro Teixeira
Deputado federal (PDT-RJ), integrante da CPI do Cachoeira



Na contramão
A bancada do PSB na Câmara oficializou, na noite de terça-feira, seu apoio à candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) à presidência da Casa. Agora só falta o aval do presidente do partido, o governador Eduardo Campos. Este, terá de decidir se vale a pena, tendo em vista seu futuro político, contestar as direções do PMDB e do PT.

Os ruralistas estão reagindo
O governo comprou nova briga com os ruralistas. O Ministério da Justiça incluiu artigo, no Código de Processo Civil, que impede a reintegração de posse imediata, quando concedida liminarmente, e obriga a prévia audiência de conciliação.

Guerrinha nos bastidores
Alguns deputados do PMDB querem antecipar a eleição do novo líder da bancada. Eles avaliam que se a escolha ficar para depois da sucessão da presidência da Câmara, o atual líder, Henrique Alves (RN), terá força para impor sua preferência.

A política não socorre quem dorme
Uma falha na Taesa, empresa da Cemig, gerida pelo governo de Minas Gerais, provocou o apagão da última sexta-feira. Ontem, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) aprovou convite para que o ministro de Minas e Energia dê explicações ao Senado. Irritação no Planalto: “E a Cemig?”. A constatação: Aécio Neves deita e rola e o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), se enrola.

De olho na concorrência
Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, anda reclamando da eventual nomeação do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) para um ministério.

Mensalão, o best seller
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) se submeteu a sessão de autógrafos de cinco horas, anteontem, em Porto Alegre, ao lançar o livro “O Momento Supremo do Brasil - A Justiça Conquistada: das CPIs ao Julgamento do Mensalão”.

Vitorioso, o governador Eduardo Campos (PE) vai para Fernando de Noronha descansar no feriado e pensar na sua candidatura a presidente em 2014.