DE SÃO PAULO
Atrasos na construção e reforma de presídios agravaram nos últimos anos a superlotação carcerária no país. O deficit de vagas hoje é estimado em 138,4 mil --há cinco anos, era de 90.360, informa reportagem publicada na edição desta quinta-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
No plano federal, 60 obras para construção e reforma de penitenciárias ainda não saíram do papel, embora já tenham dinheiro disponível, algumas delas desde 2004.
Apesar de a verba vir da União, cabe aos Estados a execução das obras. Os motivos do atraso, segundo o governo, incluem falhas em projetos, dificuldades para obter licenças ambientais e questionamentos judiciais.
Estado que tem um deficit de 62 mil vagas no sistema carcerário, São Paulo viu a superlotação crescer nos últimos anos enquanto o governo paulista via praticamente congelado o seu programa de construção de presídios. Dados do Departamento Penitenciário Nacional mostram o tamanho do problema: de 2006 a 2009, SP "produziu" três presos para cada vaga que conseguiu criar.
Cidades onde há, em atraso, construção ou reformas para ampliação do sistema penitenciário
Alagoas
Santa Luzia
Arapiraca
Maceió
Amazonas
Maués
Tefé
Bahia
Vitória da Conquista
Barreiras
Salvador
Ceará
Crateús
Aracati
Itaitinga
Tianguá
Espírito Santo
Linhares
Goiás
Aparecida de Goiás
Águas Lindas de Goiás
Novo Gama
Valparaíso de Goiás
Aparecida de Goiânia (2)
Maranhão
Pinheiro
Minas Gerais
Ribeirão das Neves
Belo Horizonte
Mato Grosso do Sul
Campo Grande
Mato Grosso
Peixoto de Azevedo
Várzea Grande
Pará
São Félix do Xingú
Ananindeua
Belém
Marabá
Santarém
Marituba
Paraíba
João Pessoa
Piauí
Altos
Paraná
Maringá
Cruzeiro d'Oeste
Rio de Janeiro
Magé
Niterói
Rio de Janeiro (4 obras)
Rio Grande do Norte
Ceará-Mirim
Macau
Rondônia
Porto Velho
Rio Grande do Sul
Caxias do Sul
Charqueadas
Passo Fundo
Porto Alegre
Venâncio Aires
Bento Gonçalves
Guaíba
Sergipe
Estância
Tobias Barreto
São Paulo
Presidente Alves
Presidente Bernardes
Tocantins
Araguaína
** Foram consideradas as obras não iniciadas, cujo a verba foi disponibilizada entre 2004 e 2007. Também foram contabilizadas as obras sem licitação concluída, cujos recursos foram disponibilizados em 2008
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quinta-feira, 27 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
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terça-feira, 25 de maio de 2010
Inaugurado o primeiro trecho da Linha 4-Amarela do Metrô, em São Paulo
As duas novas estações têm uma esteira rolante para transportar os passageiros da estação Paulista à Consolação, e vice-versa. As plataformas de embarque também contam com portas de vidro, que se abrirão juntamente com as do trem, protegendo a queda de usuários e objetos nos trilhos.
Construção de toda a extensão será finalizada até a Copa de 2014. Esta é a primeira linha do País operada por um grupo privado
Ana Paula Rocha
O Governo de São Paulo inaugurou nesta terça-feira (25), as estações Paulista e Faria Lima da Linha 4-Amarela do Metrô. Esta é a primeira linha do País operada por um grupo privado, o consórcio ViaQuatro, formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa e as empresas do ramo de transporte Serveng-Civilsan e Brisa.
Carol Teresa/Divulgação Metrô
Estação Pinheiros
O trecho inaugurado tem 3,6 km de extensão e liga a estação Paulista, situada na Rua da Consolação, perto do cruzamento com a Avenida Paulista, à estação Faria Lima, localizada no largo da Batata, em Pinheiros. O trecho também compreende as estações Fradique Coutinho e Oscar Freire, mas apenas as duas inauguradas hoje entraram em funcionamento.
Quando estiver totalmente pronta, a Linha 4-Amarela terá 12,8 km de extensão e 11 estações, ligando a região da Luz, no centro da capital, ao bairro de Vila Sônia, na zona Oeste. Até o final de 2010, serão inauguradas as estações Butantã, Pinheiros, República e Luz. Já entre 2012 e 2014, estarão prontas também as estações Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire, Fradique Coutinho, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia.
A Linha 4-Amarela integra-se com a Linha 2-Verde na Estação Consolação, com a Linha 1-Azul na Estação Luz, com a Linha 3-Vermelha na Estação República e com a Linha 9-Esmeralda da CPTM na Estação Pinheiros.
O governo estadual está arcando com mais de 70% dos custos da construção da linha. O restante é custeado pelo consórcio Via Amarela, formado pelas construtoras Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e pelo grupo industrial francês Alstom.
Izan Peterle/Divulgação Metrô
Estação Paulista
Por enquanto, a linha funcionará em operação assistida, de segunda à sexta-feira, das 9h às 15h, sem a cobrança de tarifa. A transferência da Linha 2-Verde para a Linha 4-Amarela estará liberada. Já os usuários que migrarem da Linha 4 para a Linha 2-Verde terão de pagar a tarifa na Estação Consolação.
Parceria Público-Privada
O consórcio ViaQuatro será responsável pela operação da Linha 4-Amarela nos próximos 30 anos, sendo que e a fiscalização será de responsabilidade do governo do Estado. Durante esse período, 100% do que for arrecadado com as tarifas e uso dos espaços do Metrô ficará com as empresas privadas.
O governo do Estado, por sua vez, receberá 50% do valor das tarifas dos passageiros que utilizarem a Linha 4 a partir da integração com outras linhas, e ainda terá de recompensar as empresas, caso a arrecadação com a operação seja muito menor que o estimado na assinatura do contrato.
Tecnologias
As novas estações do metrô são subterrâneas e tentam aproveitar, ao máximo, a iluminação natural. Na parte externa, as fachadas possuem revestimento em placas metálicas e portões de vidros.
Carol Teresa/Divulgação Metrô
Esteiras rolantes
As duas novas estações têm uma esteira rolante para transportar os passageiros da estação Paulista à Consolação, e vice-versa. As plataformas de embarque também contam com portas de vidro, que se abrirão juntamente com as do trem, protegendo a queda de usuários e objetos nos trilhos.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Guardar cobra é 'bobagem', diz ex-presidente do Butantan
da Folha Online
O Butantan fez bem em deixar em segundo plano sua coleção biológica, disse à Folha o ex-presidente da Fundação Butantan, Isaias Raw.
Ainda muito influente no instituto, Raw afirma que a pesquisa realizada no acervo destruído pelo incêndio no sábado era de "quinta categoria". Mesmo após o desastre, ele defendeu a política de priorizar a fabricação de vacinas.
"Aquilo [o acervo] é uma bobagem medieval. Você acha que a função do Butantan é cuidar de cobra guardada em álcool ou fazer a vacina para as crianças?", disse. Para ele, "não dá para cuidar das duas coisas".
Cientistas ouvidos pela Folha reclamam que, durante a gestão da Raw, entre 1985 e 2009, a pesquisa com animais teria passado a ser vista como algo de pouca importância e recebido poucos recursos da Fundação Butantan, organização social gestora do instituto, que é do governo do Estado.
Segundo um deles, Raw teria "pegado birra" dos que trabalhavam junto ao acervo, por considerá-los improdutivos.
Foi sob Raw que o Instituto Butantan, por outro lado, tornou-se o grande fornecedor de vacinas do Ministério da Saúde.
"Se eles não receberam dinheiro é porque não mereciam. Eu recebo todo dinheiro que eu peço. A Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] deu aquele prédio. Eles fizeram uma merda naquele prédio. Nem compraram o alarme para incêndio, alarme para incêndio você compra na esquina hoje."
Segundo ele, foi um erro colocar os animais em álcool. "Isso é burrice, é para pegar fogo."
De segunda
"Não quero falar mal de colega, mas [o que Raw diz] é verdade. Desde o começo é uma herpetologia [estudo de répteis e anfíbios] de segundo grau", diz Paulo Vanzolini, 86, o mais importante zoólogo brasileiro vivo. "O Butantan nunca foi vanguarda cientificamente."
"Agora, isso não tem nada a ver com o valor da coleção. A coleção era independente do valor científico dos cientistas. Ela tinha grande valor científico, tinha 80 mil bichos."
Para Raw, a Fapesp também não errou caso não tenha dado dinheiro especificamente para criar um sistema anti-incêndio.
"Se eles receberam uma banana [da Fapesp], é porque eles mereceram uma banana. Alguém tem de dizer qual é a prioridade do Brasil."
A Fapesp, na verdade, deu dinheiro ao Butantan que poderia ter sido usado num sistema anti-incêndio. Em 2007 e 2008, como mostrou ontem a Folha, o instituto recebeu quase R$ 1 milhão para a chamada reserva técnica. A verba pode ser aplicada em infraestrutura e em equipamentos de pesquisa.
Investigação
A fundação funciona como braço operacional do Instituto Butantan e tem um orçamento de cerca de R$ 300 milhões.
Raw renunciou à presidência da fundação no ano passado. O Ministério Público investigava um esquema de desvio de verbas públicas que envolvia mais de R$ 35 milhões.
Antes da renúncia, Raw já tinha sido afastado preventivamente. Não existiam, porém, evidências de que ele tivesse se beneficiado do dinheiro.
Raw continua como cientista do instituto, mas foi encontrado ontem no prédio da fundação, onde, segundo funcionários, é presença constante.
"A fundação não poderia ter dado dinheiro [para segurança do prédio incinerado]. Eu tenho de guardar o dinheiro porque a vacina começa a ser feita no ano anterior, antes que o Ministério da Saúde encomende. Quando se vota o orçamento, às vezes já em maio, ele começa a pagar. Como vou fazer vacina se não tenho dinheiro?"
Raw criticou também os descendentes de Vital Brazil, um dos fundadores do Butantan, que disseram nessa semana que o patrimônio histórico do local tinha sido jogado "à última instância" e que o instituto tinha se tornado uma mera "fábrica da vacinas".
Gambiarras elétricas
Segundo pesquisadores que preferiram não se identificar, eram constantes as reclamações com relação à estrutura física e especialmente elétrica do galpão que pegou fogo.
Um dos cientistas apontava a ferrugem tomando conta do telhado do prédio. "Isso quer dizer alguma coisa", disse. Segundo ele, "gambiarras" são comuns no instituto. "Muitos prédios provisórios acabam se tornando permanentes."
A Folha entrou brevemente no prédio que pegou fogo, interditado pela Defesa Civil.
Ali é possível ver algumas tomadas que foram "puxadas" de outras. Os fios que saíam do poste do lado de fora passavam antes por um tubo exposto, rente à parede, por metros antes de entrar no local, ficando claro que aquela instalação não fora feita com o galpão.
Segundo a direção do Instituto Butantan, o prédio tinha sido reformado recentemente e não havia nada de errado com a parte elétrica.
Bomba-relógio
Além dos problemas específicos das instalações do Butantan, coleções biológicas armazenadas de modo tradicional têm um quê de bomba-relógio.
Isso porque ela combinam com frequência animais em álcool e outros bichos, como insetos ou aranhas, cuja carapaça externa seca foi preservado. A mistura é muito inflamável.
Para Paulo Vanzolini, da USP, decano dos especialistas em répteis do Brasil, "as precauções são conhecidas: examinar frequentemente a parte elétrica e ter os extintores em boas condições."
"Os primeiros minutos nesse tipo de fogo são capitais, é sempre muito difícil de controlar", afirma Hussam Zaher, diretor do Museu de Zoologia da USP.
A maneira mais segura de lidar com o problema é transferir as coleções biológicas para prédios só para elas, sem janelas, equipados com um sistema que emite gás carbônico quando acontece um incêndio.
Sem oxigênio no ar, o fogo deixa de ser alimentado e é debelado. Agora, o Butantan quer fazer um prédio com vários "módulos", em que um foco de incêndio não conseguiria se espalhar por todo o acervo.
Segundo Francisco Franco, curador da coleção destruída, foi possível ontem tirar cerca de 40% do acervo queimado de dentro do prédio. Ele diz que existe material em todos os estados de conservação, mas que ficou positivamente surpreso ao ver muitos animais inteiros.
O escoramento do prédio, que ameaça desabar, deveria ter sido feito ontem, mas foi adiado para hoje. Depois disso, será possível retirar o resto da coleção. O trabalho deve levar mais dois dias, estima Franco. Só depois será possível saber o tamanho do estrago.
O Butantan fez bem em deixar em segundo plano sua coleção biológica, disse à Folha o ex-presidente da Fundação Butantan, Isaias Raw.
Ainda muito influente no instituto, Raw afirma que a pesquisa realizada no acervo destruído pelo incêndio no sábado era de "quinta categoria". Mesmo após o desastre, ele defendeu a política de priorizar a fabricação de vacinas.
"Aquilo [o acervo] é uma bobagem medieval. Você acha que a função do Butantan é cuidar de cobra guardada em álcool ou fazer a vacina para as crianças?", disse. Para ele, "não dá para cuidar das duas coisas".
Cientistas ouvidos pela Folha reclamam que, durante a gestão da Raw, entre 1985 e 2009, a pesquisa com animais teria passado a ser vista como algo de pouca importância e recebido poucos recursos da Fundação Butantan, organização social gestora do instituto, que é do governo do Estado.
Segundo um deles, Raw teria "pegado birra" dos que trabalhavam junto ao acervo, por considerá-los improdutivos.
Foi sob Raw que o Instituto Butantan, por outro lado, tornou-se o grande fornecedor de vacinas do Ministério da Saúde.
"Se eles não receberam dinheiro é porque não mereciam. Eu recebo todo dinheiro que eu peço. A Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] deu aquele prédio. Eles fizeram uma merda naquele prédio. Nem compraram o alarme para incêndio, alarme para incêndio você compra na esquina hoje."
Segundo ele, foi um erro colocar os animais em álcool. "Isso é burrice, é para pegar fogo."
De segunda
"Não quero falar mal de colega, mas [o que Raw diz] é verdade. Desde o começo é uma herpetologia [estudo de répteis e anfíbios] de segundo grau", diz Paulo Vanzolini, 86, o mais importante zoólogo brasileiro vivo. "O Butantan nunca foi vanguarda cientificamente."
"Agora, isso não tem nada a ver com o valor da coleção. A coleção era independente do valor científico dos cientistas. Ela tinha grande valor científico, tinha 80 mil bichos."
Para Raw, a Fapesp também não errou caso não tenha dado dinheiro especificamente para criar um sistema anti-incêndio.
"Se eles receberam uma banana [da Fapesp], é porque eles mereceram uma banana. Alguém tem de dizer qual é a prioridade do Brasil."
A Fapesp, na verdade, deu dinheiro ao Butantan que poderia ter sido usado num sistema anti-incêndio. Em 2007 e 2008, como mostrou ontem a Folha, o instituto recebeu quase R$ 1 milhão para a chamada reserva técnica. A verba pode ser aplicada em infraestrutura e em equipamentos de pesquisa.
Investigação
A fundação funciona como braço operacional do Instituto Butantan e tem um orçamento de cerca de R$ 300 milhões.
Raw renunciou à presidência da fundação no ano passado. O Ministério Público investigava um esquema de desvio de verbas públicas que envolvia mais de R$ 35 milhões.
Antes da renúncia, Raw já tinha sido afastado preventivamente. Não existiam, porém, evidências de que ele tivesse se beneficiado do dinheiro.
Raw continua como cientista do instituto, mas foi encontrado ontem no prédio da fundação, onde, segundo funcionários, é presença constante.
"A fundação não poderia ter dado dinheiro [para segurança do prédio incinerado]. Eu tenho de guardar o dinheiro porque a vacina começa a ser feita no ano anterior, antes que o Ministério da Saúde encomende. Quando se vota o orçamento, às vezes já em maio, ele começa a pagar. Como vou fazer vacina se não tenho dinheiro?"
Raw criticou também os descendentes de Vital Brazil, um dos fundadores do Butantan, que disseram nessa semana que o patrimônio histórico do local tinha sido jogado "à última instância" e que o instituto tinha se tornado uma mera "fábrica da vacinas".
Gambiarras elétricas
Segundo pesquisadores que preferiram não se identificar, eram constantes as reclamações com relação à estrutura física e especialmente elétrica do galpão que pegou fogo.
Um dos cientistas apontava a ferrugem tomando conta do telhado do prédio. "Isso quer dizer alguma coisa", disse. Segundo ele, "gambiarras" são comuns no instituto. "Muitos prédios provisórios acabam se tornando permanentes."
A Folha entrou brevemente no prédio que pegou fogo, interditado pela Defesa Civil.
Ali é possível ver algumas tomadas que foram "puxadas" de outras. Os fios que saíam do poste do lado de fora passavam antes por um tubo exposto, rente à parede, por metros antes de entrar no local, ficando claro que aquela instalação não fora feita com o galpão.
Segundo a direção do Instituto Butantan, o prédio tinha sido reformado recentemente e não havia nada de errado com a parte elétrica.
Bomba-relógio
Além dos problemas específicos das instalações do Butantan, coleções biológicas armazenadas de modo tradicional têm um quê de bomba-relógio.
Isso porque ela combinam com frequência animais em álcool e outros bichos, como insetos ou aranhas, cuja carapaça externa seca foi preservado. A mistura é muito inflamável.
Para Paulo Vanzolini, da USP, decano dos especialistas em répteis do Brasil, "as precauções são conhecidas: examinar frequentemente a parte elétrica e ter os extintores em boas condições."
"Os primeiros minutos nesse tipo de fogo são capitais, é sempre muito difícil de controlar", afirma Hussam Zaher, diretor do Museu de Zoologia da USP.
A maneira mais segura de lidar com o problema é transferir as coleções biológicas para prédios só para elas, sem janelas, equipados com um sistema que emite gás carbônico quando acontece um incêndio.
Sem oxigênio no ar, o fogo deixa de ser alimentado e é debelado. Agora, o Butantan quer fazer um prédio com vários "módulos", em que um foco de incêndio não conseguiria se espalhar por todo o acervo.
Segundo Francisco Franco, curador da coleção destruída, foi possível ontem tirar cerca de 40% do acervo queimado de dentro do prédio. Ele diz que existe material em todos os estados de conservação, mas que ficou positivamente surpreso ao ver muitos animais inteiros.
O escoramento do prédio, que ameaça desabar, deveria ter sido feito ontem, mas foi adiado para hoje. Depois disso, será possível retirar o resto da coleção. O trabalho deve levar mais dois dias, estima Franco. Só depois será possível saber o tamanho do estrago.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Greve de ônibus afeta 1,3 milhão na Grande SP
AGENCIA ESTADO
São Paulo - Cerca de 1,3 milhão de moradores das cidades de Guarulhos e Arujá, na região leste da Grande São Paulo, terão uma quarta-feira, 19, muito difícil em razão de uma greve, que teve início à 0h, dos cerca de 12 mil motoristas e cobradores das viações Vila Galvão, Guarulhos, Guarulhos Transportes, Transguarulhense, Viação Arujá e Transdutra.
Segundo o Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Trabalhadores em Transportes Urbanos, Metropolitanos e Intermunicipais de Guarulhos e Região (Sincoverg), a categoria reivindica aumento salarial de 14,10%, vale refeição de R$ 12, fim da dupla função (motorista e cobrador ao mesmo tempo, no caso dos micro-ônibus), 30 minutos de refeição remunerada, melhorias no convênio médico e cesta básica, além da jornada de 40 horas semanais. A data-base da categoria é em 1º de maio.
As empresas de ônibus propuseram na contraproposta um reajuste salarial de 5,5%. Em nota, a Prefeitura de Guarulhos afirmou que "em razão da paralisação, a Secretaria de Transportes e Trânsito autorizou as lotações devidamente regularizadas a operarem durante todo o dia, sem restrição de horários.
São Paulo - Cerca de 1,3 milhão de moradores das cidades de Guarulhos e Arujá, na região leste da Grande São Paulo, terão uma quarta-feira, 19, muito difícil em razão de uma greve, que teve início à 0h, dos cerca de 12 mil motoristas e cobradores das viações Vila Galvão, Guarulhos, Guarulhos Transportes, Transguarulhense, Viação Arujá e Transdutra.
Segundo o Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Trabalhadores em Transportes Urbanos, Metropolitanos e Intermunicipais de Guarulhos e Região (Sincoverg), a categoria reivindica aumento salarial de 14,10%, vale refeição de R$ 12, fim da dupla função (motorista e cobrador ao mesmo tempo, no caso dos micro-ônibus), 30 minutos de refeição remunerada, melhorias no convênio médico e cesta básica, além da jornada de 40 horas semanais. A data-base da categoria é em 1º de maio.
As empresas de ônibus propuseram na contraproposta um reajuste salarial de 5,5%. Em nota, a Prefeitura de Guarulhos afirmou que "em razão da paralisação, a Secretaria de Transportes e Trânsito autorizou as lotações devidamente regularizadas a operarem durante todo o dia, sem restrição de horários.
sábado, 15 de maio de 2010
Incêndio destrói mais de 500 mil amostras do Instituto Butantan
Além da maior coleção de ofídios do mundo nos trópicos, aranhas e escorpiões também foram perdidos
Herton Escobar, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Um incêndio ocorrido na manhã deste sábado, 15, no laboratório de répteis do Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo, destruiu milhares de espécimes de cobras e de aracnídeos, incluindo exemplares ainda não descritos pelos cientistas. Nenhum dos animais estava vivo.
Toda a coleção de cobras do Butantã - um total de aproximadamente 85 mil exemplares, a maior coleção do mundo de animais da região tropical - foi perdida no incêndio. Centenas de espécimes desses répteis que haviam sido coletadas pelos biólogos ainda não haviam sido descritas. Entre os aracnídeos - em especial aranhas e escorpiões -, a perda foi de cerca de 450 mil espécimes, das quais milhares ainda não tinham sido descritas pelos cientistas do instituto.
A princípio pensou-se que, junto com os animais preservados no laboratório, haviam sido destruídos os livros de tombo, que continham os registros de coleta dos espécimes, de suas características e suas condições, mas depois confirmou-se que eles foram salvos. O incêndio começou entre 7 e 8 horas da manhã e foi controlado por volta das 10 horas por dez viaturas e 50 homens do Corpo de Bombeiros, quando foi iniciada a operação de rescaldo. Não houve feridos.
Uma perícia será feita no local e a previsão é de que o resultado seja divulgado em 30 dias. Mas suspeita-se que o incêndio tenha sido causado por um curto-circuito. Durante a noite, a chave-geral do prédio havia sido desligada para serviços de manutenção na rede elétrica. O fogo começou quando a energia foi religada, de manhã.
Patrimônio insubstituível
O diretor do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mercadante, afirmou ao Estado que "o estrago foi muito grande". "O prejuízo material, você recupera. O científico, não." Para o herpetólogo - especialista em répteis e anfíbios - Miguel Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP), o incêndio foi um desastre de proporções incalculáveis. "Perdemos um patrimônio insubstituível da história biológica do País", resume.
História
O Instituto Butantan surgiu em 1898, estimulado por um surto epidêmico de peste bubônica no porto de Santos, e sua criação foi oficializada em 1901. Treze anos mais tarde, foi inaugurado o Prédio Central do Instituto. É um centro produtor de vacinas e importante pesquisador biomédico, dependente do governo de São Paulo.
O laboratório trabalha em vários projetos sobre o uso de venenos répteis, que estavam sendo usados no combate de doenças como Leishmaniose e o mal de Chargas. Recentemente, o Butantan também tem sido o órgão publico responsável pela produção de vacina da gripe H1N1, a partir de amostras fornecidas pelo laboratório francês Sanofi Pasteur.
Herton Escobar, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Um incêndio ocorrido na manhã deste sábado, 15, no laboratório de répteis do Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo, destruiu milhares de espécimes de cobras e de aracnídeos, incluindo exemplares ainda não descritos pelos cientistas. Nenhum dos animais estava vivo.
Toda a coleção de cobras do Butantã - um total de aproximadamente 85 mil exemplares, a maior coleção do mundo de animais da região tropical - foi perdida no incêndio. Centenas de espécimes desses répteis que haviam sido coletadas pelos biólogos ainda não haviam sido descritas. Entre os aracnídeos - em especial aranhas e escorpiões -, a perda foi de cerca de 450 mil espécimes, das quais milhares ainda não tinham sido descritas pelos cientistas do instituto.
A princípio pensou-se que, junto com os animais preservados no laboratório, haviam sido destruídos os livros de tombo, que continham os registros de coleta dos espécimes, de suas características e suas condições, mas depois confirmou-se que eles foram salvos. O incêndio começou entre 7 e 8 horas da manhã e foi controlado por volta das 10 horas por dez viaturas e 50 homens do Corpo de Bombeiros, quando foi iniciada a operação de rescaldo. Não houve feridos.
Uma perícia será feita no local e a previsão é de que o resultado seja divulgado em 30 dias. Mas suspeita-se que o incêndio tenha sido causado por um curto-circuito. Durante a noite, a chave-geral do prédio havia sido desligada para serviços de manutenção na rede elétrica. O fogo começou quando a energia foi religada, de manhã.
Patrimônio insubstituível
O diretor do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mercadante, afirmou ao Estado que "o estrago foi muito grande". "O prejuízo material, você recupera. O científico, não." Para o herpetólogo - especialista em répteis e anfíbios - Miguel Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP), o incêndio foi um desastre de proporções incalculáveis. "Perdemos um patrimônio insubstituível da história biológica do País", resume.
História
O Instituto Butantan surgiu em 1898, estimulado por um surto epidêmico de peste bubônica no porto de Santos, e sua criação foi oficializada em 1901. Treze anos mais tarde, foi inaugurado o Prédio Central do Instituto. É um centro produtor de vacinas e importante pesquisador biomédico, dependente do governo de São Paulo.
O laboratório trabalha em vários projetos sobre o uso de venenos répteis, que estavam sendo usados no combate de doenças como Leishmaniose e o mal de Chargas. Recentemente, o Butantan também tem sido o órgão publico responsável pela produção de vacina da gripe H1N1, a partir de amostras fornecidas pelo laboratório francês Sanofi Pasteur.
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