Enquanto José Serra rumina suas hesitações em silêncio, os quatro tucanos que se lançaram antes dele na disputa pela vaga de candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo se esforçam para provar que continuam no páreo.
José Aníbal, Bruno Covas, Ricardo Trípoli e Andrea Matarazzo confirmaram presença num debate marcado para a próxima segunda-feira (27). Será o quarto evento do gênero. O último antes das prévias marcadas para 4 de março.
Vai-se formando uma atmosfera de fato consumado que converte a eventual candidatura de Serra em ato de violência. Para que ele vire o postulante que dizia não ser, será preciso abater os pretendentes que gostaria que jamais tivessem sido.
O PSDB vive em São Paulo uma espécie de conto de fadas às avessas. No papel de rainha má, Serra pergunta ao espelho se existe no partido uma beleza maior do que a sua.
Obrigado a refletir a realidade, o espelho responde: “existe. Não uma, mas quatro”. Explica que a beleza não está nos rostos, tão feios quanto o dele, mas na coragem de abraçar um desafio que a realeza refugara.
Serra manda chamar Geraldo Alckmin, que faz o papel de lenhador. Pede que ele leve seus rivais à floresta, mate-os e se desfaça dos corpos. O problema é que o lenhador exibe uma compaixão mais condizente com o conto de Branca de Neve do que com a lenda partidária.
Fica entendido que, se quiser modificar a resposta do espelho, Serra terá de servir, ele próprio, as maçãs envenenadas. Até lá, estão mantidas as prévias. Nem que seja para preservar um mínimo de simulacro de imitação de treinamento de seriedade.
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