JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo
A cinco dias do início do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão, o candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB, Geraldo Alckmin, ainda tenta contornar uma crise em sua campanha que envolve a bancada de vereadores do partido.
Ontem, em mais um episódio da queda-de-braço do ex-governador do Estado com os tucanos kassabistas (ligados ao prefeito Gilberto Kassab, do DEM), o dirigente partidário José Rubens anunciou sua saída do PSDB antes de ser julgado pela Comissão de Ética da sigla, o que aconteceria à noite.
José Rubens presidiu a Juventude Municipal do partido. A acusação contra ele era o fato de apoiar a reeleição de Kassab, como faz parte da bancada de 12 vereadores do PSDB.
Nos bastidores da campanha, uma eventual punição na comissão seria usada internamente como um recado aos vereadores de que Alckmin não irá tolerar defecções.
Até ontem, apenas quatro vereadores tinham gravado depoimentos, para serem utilizados na TV, pedindo votos para Alckmin. Os demais, ainda estavam em dúvida ou batalhavam abertamente para conseguir um salvo-conduto que os desobrigasse de anunciar formalmente o apoio ao tucano.
O apoio dos vereadores a Alckmin é considerado importante pela coordenação da campanha por dois motivos: transmitir ao eleitor a impressão de que o PSDB está unido em torno de seu candidato; ajudar o tucano na periferia, onde a ação dos parlamentares é mais percebida pela população.
Após a saída de José Serra da prefeitura, em março de 2004, o PSDB manteve seu espaço na atual administração, o que levou parte dos vereadores a apoiarem Kassab.
Desde o início da campanha, em julho, Alckmin vinha procurando demonstrar tranqüilidade quando questionado sobre o tema. Primeiro colocado nas pesquisas em empate técnico com a petista Marta Suplicy, ele avaliava que teria o apoio dos vereadores antes do início do horário eleitoral.
"A desfiliação se dá principalmente pela falta de democracia interna [no Diretório Municipal]. Eles estão indo contra uma questão constitucional, que dá direito à defesa. Quero voltar ao partido em épocas mais democráticas", disse Rubens. "Querem usar a minha expulsão para constranger os vereadores e secretários. Fui eleito bode expiatório por ser jovem e não ter mandato."
O vice-presidente municipal do PSDB, Júlio Semeghini, negou que tenha havido perseguição a José Rubens. "Ele não foi perseguido. As denúncias foram aceitas por unanimidade.
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