sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Em debate, Kassab critica Alckmin e Marta; Marta cola imagem a Lula

A aparente trégua entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB) foi quebrada no debate desta quinta-feira (31), na TV Bandeirantes. Alckmin criticou a gestão Kassab à frente da prefeitura ao dizer que a cidade está muito escura. "A cidade de São Paulo está escura. Nós temos quase metade do nosso parque ainda com aquelas lâmpadas antigas, aquelas luminárias de mercúrio."

Veja trechos do debate da Band com candidatos de São Paulo

Kassab, por sua vez, responsabilizou Alckmin por problemas da privatização do setor elétrico de São Paulo. "Em relação à iluminação pública, o que atrapalha muito São Paulo é que ainda no seu governo, quando da privatização das empresas, não foi colocado como determinante, como obrigação delas, que elas apontassem os pontos que não estavam com iluminação pública na troca de iluminações públicas. [...] Vamos corrigir isso numa próxima licitação."

Terceiro colocado na última pesquisa Datafolha, Kassab lançou um desafio para a adversária Marta Suplicy (PT). "Vamos fazer a comparação do seu governo com o meu. Quem fez, quem não fez e o que deixou de se fazer. Dar a oportunidade de escolher o melhor governo: o seu ou o meu. Dar a oportunidade para o eleitor comparar e votar naquele que foi o melhor governo", desafiou o prefeito de São Paulo.
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Candidatos a prefeito de São Paulo participam de debate na TV Bandeirantes
Candidatos a prefeito de São Paulo participam de debate na TV Bandeirantes

O candidato do DEM aproveitou para dizer que Marta venceria a comparação no quesito criação de taxas: "Tenho certeza de que uma coisa você vai ganhar: a que criou mais taxas", disse ele numa referência ao apelido dado à petista: "martaxa".

Também participaram do debate eleitoral os candidatos à Prefeitura Ivan Valente (PSOL), Paulo Maluf (PP), Ciro Moura (PTC), Renato Reichmann (PMN) e Soninha Francine (PPS).

Lula

Já a petista tentou colar sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas considerações finais, Marta disse que era a candidata do presidente Lula e sinalizou a intenção de se aproximar do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), se for eleita.

"Quero pedir a oportunidade de ser prefeita novamente. Aprendi com acertos e erros e acredito que tenho experiência e maturidade para ser uma prefeita melhor. Encontrei o Lula e ele me disse: quero que ganhe porque com a situação econômica atual vai dar para fazer muita coisa em São Paulo", disse Marta.

A petista também se referiu ao governador José Serra (PSDB), cujo apoio é disputado por Alckmin e Kassab. "Eu quero ser sua parceira, quero a união do governo do Estado com a prefeitura", afirmou.

Marta x Alckmin

Marta e Alckmin também trocaram críticas entre si. Ao rebater Marta, que declarou que cumpriria o mandato completo se eleita prefeita, Alckmin disse sentir-se "preocupado" com a declaração da petista.

"Eu fico preocupado com a candidata dizer que pode ficar os quatro anos. [...] O fato é que a prefeitura foi entregue em estado um lastimável. Sob o ponto de vista da saúde, nenhum leito [...] E financeiramente, aumentou taxas, aumentou impostos e deixou a cidade totalmente endividada", disse Alckmin, comentando a declaração da petista.

Irritada com o comentário do tucano, Marta disse ter entregue a prefeitura com o cofre cheio, com superávit. "Estou adorando o comentário do Alckmin, porque me dá a oportunidade de corrigir as mentiras, as inverdades", disse a candidata.

Ficha suja

Maluf e Kassab foram questionados sobre a inclusão de seus nomes na lista dos candidatos com "ficha suja" na Justiça divulgada pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).

Questionado se os processos a que responde na Justiça não atrapalhariam sua campanha, Maluf respondeu que nos seus 41 anos de vida pública não teve nenhuma condenação, foi até foi absolvido em uma ação de paternidade, e criticou a iniciativa da AMB.

"A AMB faz muito mal quando entra na política. É como um torcedor do Corinthians fosse juiz de um jogo do Palmeiras. É um atentado à democracia. Não precisa um juiz dar informações tendenciosas e mentirosas", disse Maluf.

Ao comentar a resposta de Maluf, Kassab defendeu a lista da AMB da qual também faz parte. Ele responde a um processo por improbidade administrativa no TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo. "Em uma democracia, precisa ter informação e debate", afirmou.

Kassab também foi questionado por ter explorado o tema "ficha suja" antes de seu nome também ser incluído na relação. "Defendo [a lista] com transparência total", disse o prefeito, afirmando que foi absolvido --o processo ainda tramita na Justiça.

Ataques

Primeiro a chegar no debate, o candidato Ivan Valente (PSOL) foi um dos mais críticos. Ele, que disse querer mostrar uma "alternativa de esquerda" para a cidade durante o debate, criticou as propostas dos demais candidatos para o trânsito e transporte público. "Quem falar que consegue acabar com a questão do trânsito de São Paulo está mentindo para a população", disse.

O deputado atacou a adversária Soninha (PPS), que sugeriu como alternativa para os problemas do trânsito a criação de ciclovias. "Isso não é solução. Temos que ofertar transporte público subsidiado, rumo a uma tarifa zero", afirmou Valente, que também disse ser contrário à criação de um pedágio para os carros na região central da cidade. Na área de saúde, Valente também criticou os demais adversários por não terem proposto a reestruturação do SUS (Sistema Único de Saúde).

da Folha Online

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