MARINA NOVAES
colaboração para a Folha Online
Estagnado nas pesquisas de intenção de votos, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, cumpriu agenda oficial nesta terça-feira, em clima de campanha, mas sem grande apoio de sua base aliada. Apenas um candidato a vereador acompanhou o prefeito em visita oficial a dois albergues para moradores de rua.
Kassab aparece na terceira colocação na disputa em São Paulo, com 11% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha.
"Era para ter uns 20 vereadores aqui, e só tem um. Quando a pesquisa subir, eles [os outros candidatos à Câmara Municipal] começam a participar", afirmou Jooji Hato, vereador que concorre a outro mandato pelo PMDB, partido da coligação de Kassab. Hoje, além de Hato, Kassab foi acompanhado pelo secretário municipal Paulo Sérgio de Oliveira e Costa (Assistência e Desenvolvimento Social) e pelo subprefeito da Sé, Amauri Luiz Pastorello.
O vereador, no entanto, aposta no início do programa eleitoral gratuito na televisão e no rádio para alavancar a campanha do democrata. Kassab é o candidato que deve ter o maior espaço de tempo na TV, com quase nove minutos de programa eleitoral gratuito. Nos bastidores, os aliados cobram maior mobilidade na campanha, que ainda não conta com o material eleitoral prometido pelo prefeito. A previsão é que o material fique pronto na próxima semana.
Os sinais da debandada de apoio ao prefeito ocorrem em um momento crítico, já que Kassab é suspeito de ter usado a máquina pública para tentar influir na última pesquisa Datafolha.
Em um e-mail revelado pela Folha neste domingo (27), Kassab pede a 26 subprefeitos "ação" nos locais onde entrevistadores abordariam eleitores. O prefeito confirma ter mandado o e-mail, mas nega que o objetivo fosse melhorar seu desempenho e diz ter feito "ação preventiva" para "evitar maldades" de rivais, sobretudo o PT.
Hoje, Kassab minimizou o escândalo e a recusa, por grande parte dos subprefeitos, de confirmar o recebimento do e-mail. "Essa é uma questão tão rotineira que é bem capaz que alguns subprefeitos tenham recebido depois [o e-mail]. Aliás, isso foi feito numa transparência total, buscando o melhor para a cidade", disse.
Serra
Outro ponto que revela a possível dispersão do apoio ao candidato democrata é a diminuição das aparições públicas ao lado do governador José Serra (PSDB). Conforme a Folha apurou, desde a abertura oficial da campanha eleitoral em São Paulo, no início do mês, Serra participou de apenas um encontro público com Kassab, e os assessores do prefeito afirmam que não existe previsão de quando os dois voltarão a posar juntos para as câmeras.
Hoje, o candidato minimizou o suposto distanciamento do governador. "Nossa relação é rotineira, tem dia que nos falamos e tem dia que não nos falamos. Ainda na semana passada tive quatro encontros com ele", disse. "É evidente que a partir do dia 5 de julho não podemos mais nos encontrar em inaugurações. Como sou candidato, não posso participar de inaugurações nem do Estado nem da prefeitura. E a grande parte dos eventos públicos eram inaugurações, e nestes eventos estou impedido de participar", explicou.
Apesar do tom de neutralidade que o governador deve adotar nestas eleições --já que o candidato oficial de seu partido é o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB)--, a campanha do prefeito ainda deve apostar na associação de Kassab a Serra nos programas eleitorais na TV.
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